Pupy: Primeira Elefanta Africana Chega ao Santuário em Chapada dos Guimarães Após Viagem de 2.600 km

Após 56 dias de planejamento logístico, a elefanta africana Pupy, de 35 anos, finalmente chegou ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em uma área de preservação na Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. A operação, que teve início na segunda-feira (14), foi marcada por uma viagem terrestre de mais de 2.600 quilômetros desde o Ecoparque de Buenos Aires, na Argentina, onde o animal viveu por mais de três décadas.

Pupy cruzou o continente confinada em uma caixa de transporte adaptada, instalada sobre um caminhão especialmente preparado. A estrutura contava com sistema de monitoramento 24 horas por câmeras, permitindo que especialistas acompanhassem os sinais vitais, comportamentos e necessidades fisiológicas da elefanta durante todo o trajeto.

Na quinta-feira (17), a operação chamou atenção ao fazer uma parada estratégica no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Rondonópolis (MT), a 218 km da capital, onde a equipe fez uma pausa para alimentação e descanso. Segundo os profissionais que a acompanharam, o animal se mostrou calmo, bem alimentado e hidratado.

A logística de transporte vinha sendo planejada desde fevereiro deste ano. A previsão inicial era de que Pupy fosse transferida ainda em fevereiro, mas a operação foi adiada após testes apontarem falhas na segurança da caixa de transporte. “Ela já estava confortável dentro da estrutura, mas, ao tentar o fechamento final, detectamos que não seria seguro naquele momento. A prioridade era garantir a integridade dela e proporcionar a viagem mais tranquila possível”, explicou Scott Blais, diretor do SEB.

Blais, junto da Dra. Trish — especialista em bem-estar de elefantes —, permaneceu por quase dois meses em Buenos Aires acompanhando a adaptação de Pupy à estrutura de transporte. Segundo ele, a decisão de partir foi tomada somente após conversas intensas com os tratadores da elefanta e análise do comportamento do animal, que demonstrava estar pronta para o deslocamento.

Nova fase da vida
Pupy será a primeira elefanta africana a viver no Santuário de Elefantes Brasil, que atualmente abriga outras cinco elefantas asiáticas: Bambi, Mara, Maia, Raia e Guilhermina — todas resgatadas de situações de cativeiro em circos ou zoológicos. Diferente das demais residentes, Pupy passou a maior parte da vida no “Templo Hindu dos Elefantes”, uma estrutura dentro do Ecoparque argentino.

A chegada de Pupy ocorre quase cinco anos após o anúncio oficial feito pela Prefeitura de Buenos Aires, em julho de 2020, determinando a transferência de Pupy e sua companheira Kuky para o Brasil. Kuky, no entanto, faleceu em outubro de 2024, antes que o novo habitat para elefantes africanos estivesse completamente finalizado.

Nascida na natureza, Pupy foi levada ainda jovem do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, para o zoológico argentino em 1993. Sua rotina, até então, se resumia à exibição pública e limitação de espaço, fatores que afetam profundamente o bem-estar psicológico e físico de animais silvestres.

Sobre o Santuário
A Associação Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, e reconhecida internacionalmente. O espaço é voltado exclusivamente para o resgate, reabilitação e aposentadoria de elefantes cativos em situação de risco ou sofrimento.

Localizado em uma vasta área de mata nativa, o SEB não permite visitas públicas para preservar o bem-estar e o comportamento natural dos animais, mas mantém um canal aberto com a sociedade por meio de redes sociais e do portal oficial, onde são divulgados vídeos e relatos diários sobre a adaptação e rotina dos moradores.

A entidade também mantém a campanha “Adote um Elefante”, que permite o financiamento direto dos cuidados específicos com cada animal, reforçando o compromisso da sociedade com o bem-estar animal.

Com a chegada de Pupy, o SEB marca um novo capítulo na proteção dos elefantes africanos na América do Sul, abrindo portas para futuros resgates e reforçando o protagonismo de Mato Grosso no cenário internacional da conservação animal.

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🎥: Fonte | g1