A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros — elevando a alíquota total para 50% — acendeu um alerta na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). A medida, oficializada nesta quarta-feira (30), atinge diretamente a pauta de exportações do estado, que tem nos produtos industrializados o carro-chefe das vendas para o mercado norte-americano.
Segundo análise do Observatório da Fiemt, cinco dos seis principais itens exportados por Mato Grosso aos EUA foram atingidos pela nova taxação: carne bovina, gelatina, gordura animal (sebo), soja e madeira perfilada. Apenas o ouro ficou de fora da lista. Esses produtos, que juntos representam 98% das exportações do estado para os EUA, deverão sofrer impactos econômicos imediatos.
Dos 54 itens que Mato Grosso exporta atualmente para os Estados Unidos, 41 foram tarifados — o equivalente a 76% do total. Em valores, os produtos taxados somam US$ 266 milhões dos US$ 415 milhões comercializados com o país até agora em 2025, ou seja, 65% da pauta de exportação.
Carne bovina ganha espaço no mundo
Apesar do revés com os EUA, Mato Grosso vem registrando resultados expressivos nas exportações de carne bovina. De janeiro a junho deste ano, o estado embarcou 368,8 mil toneladas do produto, com crescimento de 5,7% em relação ao primeiro semestre de 2024, quando foram exportadas 348,8 mil toneladas, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A carne mato-grossense chegou a 77 países neste primeiro semestre — três a mais que no mesmo período do ano passado. Entre os destinos estão China, Chile, Rússia, Egito, Arábia Saudita, México, Itália, Espanha, Israel e Turquia.
“A cadeia produtiva de carne bovina em Mato Grosso vive um momento histórico. A qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade estão abrindo portas e reforçando a confiança de compradores internacionais. Isso nos dá otimismo real para batermos recordes ao longo de 2025”, avalia Bruno de Jesus Andrade, diretor de Projetos do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac).
Outro ponto positivo é a valorização do produto. O preço médio da tonelada de carne bovina exportada subiu de US$ 4,5 mil em 2024 para US$ 5,1 mil em 2025.
“A carne bovina continua sendo nossa principal proteína de exportação, consolidando a força da pecuária mato-grossense. Estamos focados em ampliar nossa presença em mercados estratégicos como o Leste Asiático e a União Europeia, com boas perspectivas a médio prazo”, conclui Andrade.