Os riscos para os brasileiros com os “tarifões” americanos
1. Impacto direto nas exportações
Nos planos do presidente americano Donald Trump, entrará em vigor a partir de 1º de agosto uma tarifa de 50 % sobre diversos produtos brasileiros exportados para os EUA — entre eles café, carne, aço, alumínio, óleo, aeronaves e celulose . Isso altera completamente o valor dessas mercadorias, podendo inviabilizar exportações e causar queda significativa na receita dos setores envolvidos.
2. Reação nos preços locais e inflação
O represamento de exportações, especialmente de café e suco de laranja, pode gerar excesso de oferta nesses produtos no mercado interno. Aliado à perda de receita cambial (o dólar), isso pode descolar ainda mais os preços domésticos, contribuindo para a inflação .
3. Seleção natural de mercados (e sua escassez)
Com tarifas altas, empresas terão de buscar novos compradores — possivelmente com margens menores. Setores como o de aço (que exportou US$ 4 bi só em 2024) já sofrem com margens apertadas e podem ter demissões e queda de investimentos .
4. Efeito dominó na economia brasileira
Alguns setores têm dependência mista: por exemplo, a Embraer importa peças dos EUA e pode sofrer com o encarecimento dessas partes mais o efeito tarifário sobre os aviões exportados . Além disso, há riscos de desvalorização do real, queda da bolsa e retração na confiança de investidores — já havendo registro de queda em bancos e ações de energia .
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A postura de Lula
Defesa da soberania
O presidente Lula tem sido enfático ao afirmar que o Brasil não aceita “tutela externa”: reagiu duramente, dizendo que se os EUA cobrarem 50 %, o Brasil retribuirá na mesma intensidade . Ele acusa Trump de usar o tema como retaliação política pelo caso Bolsonaro, que envolveu investidas judiciais contra o ex-presidente ligado ao republicano .
Medidas diplomáticas e comerciais
Lula anunciou que o Brasil vai:
Abrir consultas junto à OMC para contestar os termos dos EUA
Implementar tarifas recíprocas segundo a nova Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril
Formar um comitê empresarial para redesenhar a política comercial brasileira com os EUA
Estratégia política interna
Politicamente, Lula tem aproveitado a crise para reforçar seu discurso de defensor do país e da democracia, fortalecendo seu apoio nacional — especialmente entre setores produtivos que se sentem ameaçados — e colocando pressão no movimento pelo voto em 2026 .
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Conclusão: os brasileiros no olho do furacão
Risco Impacto
Exportações Redução drástica de receita em café, carne, aço, aeronaves e celulose
Empregos Possível fechamento de indústrias e corte de postos
Inflação Alta nos preços internos e desvalorização cambial
Política e diplomacia Resposta firme escrita na diplomacia e cenário nacional
Lula aposta em uma estratégia híbrida: retaliação econômica (calibrada por lei), ação diplomática pela OMC e uso político interno para reforçar sua base. Porém, o sucesso depende de resistir à pressão internacional, evitar retração excessiva no comércio e conter a instabilidade no real e nos mercados locais.
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