De Milho, soja, carne, frutas, fertilizantes, petróleo e até sêmen bovino, a troca comercial é muito significativa. O Irã importa do Brasil o equivalente a todo milho produzido por Canarana e região Araguaia (6,9 milhões ton.) além de parte da região sul do estado, somando 10 milhões de toneladas. Isso, fora a carne e outras commodities. Israel também importa essas commodities com números menos expressivos, mas nos fornece tecnologia e insumos agrícolas. Portanto, a resposta é sim Canarana-mt e o Araguaia podem sentir “na carne” os impactos da guerra em maior ou menor grau dependendo do desfecho daquele conflito nos próximos dias.
E é evidente que todo Mato Grosso e o Brasil poderá sofrer outros danos econômicos, considerando a produção e rota do petróleo que podem ser afetadas em parte do Oriente Médio. Em linhas gerais, as relações comerciais do Brasil com Israel e com o Irã representam dois polos distintos do ponto de vista político, diplomático e econômico. Ambos os países possuem grau de importância estratégica para o Brasil, seja por interesses comerciais diretos, seja por suas inserções nas dinâmicas geopolíticas globais. Em detalhes, destaca-se a situação atual de cada uma dessas relações, com foco nos principais produtos comercializados, nos acordos existentes e nos desafios enfrentados.
As relações comerciais do Brasil com Israel e Irã demonstram a complexidade e a diversidade da política externa brasileira. Com Israel, predomina uma agenda baseada em tecnologia, inovação e fertilizantes fundamentais para a agricultura brasileira. Com o Irã, destaca-se a dependência alimentar iraniana da produção agrícola brasileira, o que garante ao Brasil superávit significativo na nossa balança comercial, apesar dos desafios diplomáticos e financeiros.
Ambos os casos mostram como o Brasil (setor produtivo) se posiciona de forma estratégica no cenário internacional, equilibrando relações comerciais relevantes mesmo em contextos de tensão geopolítica. Quanto ao comércio,
em 2024, Brasil e Israel movimentaram aproximadamente US$ 1,9 bilhão. Essa relação é marcada por trocas em áreas estratégicas: Israel exporta principalmente fertilizantes químicos, insumos tecnológicos e produtos farmacêuticos ao Brasil, enquanto o Brasil exporta produtos do setor primário como: óleo cru, carne bovina (sêmen) e soja.
A partir de 2010, as transações são beneficiadas por um Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e Israel, o que favorece o intercâmbio de mercadorias com redução de tarifas e maior previsibilidade regulatória. Além do comércio tradicional, os dois países cooperam em setores de ponta, como tecnologia agrícola (AgTechs), cibersegurança, defesa e inovação médica.
Contudo, em 2024, as relações diplomáticas foram impactadas por tensões políticas entre o atual governo do Brasil e o governo de Israel, por divergências relacionadas ao conflito na Faixa de Gaza, que levaram o Brasil a retirar seu embaixador do país judeu. Apesar disso, o comércio bilateral manteve-se relativamente estável, demonstrando a força institucional dos acordos existentes. Quanto ao Brasil e Irã, país com regime totalitário ditador, existe uma parceria agrícola marcada por desafios logísticos e sanções vividas pelo país persa devido seus programas nucleares.
A relação comercial entre Brasil e Irã é marcada por uma forte dependência iraniana de alimentos e commodities brasileiras. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 3 bilhões ao Irã, sobretudo em cereais (milho e trigo), farelo de soja, soja em grão e carnes e até sêmen bovino. Por outro lado, as importações brasileiras de produtos iranianos foram bastante modestas, somando apenas US$ 10 milhões, com destaque para morfina, frutas secas, castanhas e tabaco.
Essa balança altamente favorável ao Brasil reflete a importância estratégica do agronegócio brasileiro para o Irã, que enfrenta restrições de importação devido a sanções econômicas impostas por potências ocidentais devido ao país ter assinado o acordo de não proliferação de armas nucleares, mas há fortes indícios de não estarem cumprindo o acordo. Tais sanções dificultam transações bancárias internacionais, o que exige do Brasil a busca por mecanismos alternativos de pagamento, como a negociação em moedas locais ou por meio de triangulações comerciais.
Apesar dessas barreiras, os dois países têm demonstrado interesse mútuo em fortalecer suas relações comerciais. O Irã tem visto o Brasil como um parceiro para garantir sua segurança alimentar, e o Brasil, por sua vez, considera o mercado iraniano um destino importante para o excedente da produção agrícola nacional.
Portanto, a população cristã residente em Canarana, no Araguaia e no Brasil, obviamente, torcem e pedem a Deus pela paz no Oriente Médio e no mundo, desde que o povo judeu não sejam forçados a uma nova Diáspora ou holocausto. É nítido a importância econômica desses países, mas em situações assim, a economia (divisas) é o que importa?
Gilmar Miranda para a coluna Boraver Canarana.
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