Falta de estrutura urbana coloca Mato Grosso entre os piores estados em acessibilidade a transporte público e ciclovias, aponta Censo 2022
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (17) dados preocupantes sobre a infraestrutura urbana em Mato Grosso. De acordo com o levantamento do Censo 2022 referente às características urbanísticas do entorno dos domicílios, apenas 3,1% da população mato-grossense vive em áreas com acesso a pontos de ônibus ou vans — um dos piores índices do país. O estado está empatado com Maranhão e Pará, e à frente apenas do Amapá (2,4%) e Tocantins (1,6%).
Em um ranking nacional liderado pelo Rio Grande do Sul (14,5%) e com médias superiores a 10% em estados como São Paulo (11,8%), Minas Gerais (11,6%) e Rio de Janeiro (11,3%), Mato Grosso ocupa a 24ª colocação entre as 27 unidades da federação.
No quesito infraestrutura cicloviária — que inclui ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas — os números também são desalentadores. Apenas 1,4% da população do estado reside em áreas com sinalização adequada para bicicletas, o que corresponde a 41.742 pessoas. O Ceará lidera este índice com 3,2%. Mato Grosso aparece na 16ª colocação no ranking nacional, atrás de estados como São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Entre os municípios mato-grossenses;
Vera (8,4%)
Lucas do Rio Verde (6,7%)
Canarana (6,3%) se destacam com os maiores percentuais de infraestrutura cicloviária.
Na outra ponta;
Nova Olímpia (0,03%)
Vila Rica (0,04%)
Nova Xavantina (0,05%) apresentam quase inexistência dessas estruturas.
A precariedade na infraestrutura tem consequências trágicas. O estado registra seguidos acidentes fatais envolvendo ciclistas. Um caso emblemático ocorreu em 2023, quando uma servidora pública da Secretaria de Meio Ambiente de Várzea Grande foi atropelada enquanto pedalava na MT-040. Ela sobreviveu, mas passou meses internada. Já em fevereiro deste ano, o aposentado José Bernardo Teixeira, de 74 anos, morreu após ser atingido por um carro na Avenida Ramos Conceição, também em Várzea Grande.
Acidentes semelhantes foram registrados em Cuiabá e outras regiões do estado, incluindo casos fatais envolvendo ônibus escolares e colisões em rodovias estaduais, evidenciando os riscos enfrentados por quem opta pela bicicleta como meio de transporte em um estado que negligencia a mobilidade urbana sustentável.
Apesar dos baixos índices em transporte público e ciclovias, Mato Grosso apresenta avanços em outros indicadores. O estado está entre os quatro melhores do país em vias com rampas de acesso para cadeirantes (22,4%) e figura no topo da lista em iluminação pública, com 98,2% dos moradores em áreas iluminadas, empatado com Paraíba e Ceará. No entanto, amarga uma das dez menores proporções em vias pavimentadas (83,1%) e ainda tem 18,9% da população urbana vivendo em locais sem qualquer arborização.
O Censo 2022 foi aplicado em mais de 340 mil setores censitários cobrindo os 5.568 municípios do Brasil, além de Fernando de Noronha e o Distrito Federal. O levantamento visa subsidiar políticas públicas e orientar o planejamento urbano, oferecendo um diagnóstico preciso das carências estruturais que ainda afetam milhões de brasileiros.
✅️Siga nossos canais: ➡️ @boravermt ➡️ @boravermais ➡️ @boravercanarana
🎥: Fonte | g1